A Black Friday, uma das datas mais aguardadas pelo varejo, revela um lado muitas vezes invisível para os consumidores: a elevada carga tributária que incide sobre os produtos de maior interesse, como eletrônicos, celulares, videogames e televisores. Esses itens, entre os mais procurados nas liquidações de novembro, são também os mais onerados com tributos que podem representar até metade do valor final de compra, o que afeta diretamente as estratégias de precificação e a margem de lucro das empresas. Em um ano marcado pela expectativa de mudanças tributárias, as empresas precisam lidar não apenas com a competitividade nos preços, mas também com o desafio de uma gestão fiscal eficiente, essencial para evitar complicações logísticas e manter a operação fluida.
A estrutura fiscal que onera produtos eletrônicos e de tecnologia é uma das mais complexas e rigorosas, com uma carga tributária que pode superar 40% do preço final. Os itens considerados “supérfluos” pelo Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) têm alíquotas que elevam substancialmente o preço ao consumidor. Além do IPI, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) contribui para a disparidade de preços entre estados, tornando produtos como smartphones e consoles de videogame itens com valores flutuantes de acordo com o local de compra e entrega.
Essa carga fiscal elevada gera uma percepção de valor que nem sempre está clara para o consumidor. Em épocas de grandes promoções, o apelo ao desconto é contraposto pela presença dos tributos embutidos, que podem limitar o potencial de redução nos preços. No entanto, poucos consumidores têm plena consciência da proporção que os tributos representam sobre o valor final, o que levanta questionamentos e, em alguns casos, até desconfiança em relação ao desconto oferecido.
Desafios para as empresas: gestão fiscal e compliance em período de alta demanda
Para as empresas, o período da Black Friday envolve não apenas o gerenciamento de estoque e a logística, mas também uma preparação tributária meticulosa. Por exemplo, no caso do ICMS, os itens comprados via e-commerce, além de estarem sujeitos às mesmas alíquotas do varejo físico, requerem um sistema de vendas capaz de lidar com operações interestaduais. Isso se deve ao fato de que o imposto varia conforme o estado de destino do produto, exigindo que os sistemas de vendas estejam totalmente ajustados para calcular os tributos com precisão.
Falhas na configuração tributária podem paralisar operações, uma vez que inconsistências na emissão de documentos fiscais podem resultar na retenção de mercadorias ou em penalidades fiscais. A gestão fiscal ineficiente pode literalmente parar caminhões. Mesmo que não seja permitido reter mercadorias devido ao não pagamento de tributos, a emissão incorreta de documentos fiscais pode causar problemas significativos, afetando o fluxo de produtos e as vendas. Portanto, o cuidado com a conformidade tributária é essencial para garantir a continuidade das operações e minimizar o impacto dos impostos no preço final.
Nesse contexto, em que a fronteira física deixa de existir, a questão tributária ganha ainda mais relevância. A operação online é diretamente impactada pela obrigatoriedade de calcular tributos conforme o estado de entrega, um desafio que exige preparo das empresas para calcular os tributos corretamente, garantindo o cumprimento das obrigações fiscais. Para o consumidor final, uma experiência de compra com preços transparentes e confiáveis é decisiva, e para o varejista, a parametrização correta dos sistemas fiscais pode fazer a diferença entre uma venda bem-sucedida e uma operação passível de penalidades.
Essa exigência por transparência tributária no e-commerce, na qual o consumidor busca agilidade e clareza, evidencia como a gestão fiscal pode impactar diretamente a competitividade e a imagem das empresas. A eficiência no cálculo dos tributos, especialmente em um momento de alto volume de vendas, contribui para evitar surpresas desagradáveis, como discrepâncias de preço ou taxas adicionais inesperadas. Empresas que conseguem oferecer preços competitivos e garantir clareza nos valores, calculando a carga tributária de forma correta e precisa, saem à frente, atraindo consumidores que buscam economia e confiabilidade.
Nesse cenário, a eficiência tributária torna-se mais do que uma questão de compliance: é um diferencial competitivo. Empresas que dominam a gestão dos tributos conseguem equilibrar melhor suas margens e oferecer preços mais atraentes, sem descuidar da conformidade fiscal.
Com uma carga tributária considerável sobre produtos populares, a transparência e a eficiência na gestão fiscal assumem um papel central na Black Friday de 2024. Em um cenário em que o valor do produto é moldado não apenas pelo custo de produção, mas pela complexidade fiscal, a preparação das empresas e a clareza para o consumidor tornam-se elementos-chave para o sucesso. A questão tributária, ainda que invisível para muitos, está presente em cada promoção e oferta, influenciando o preço final e, em última análise, o comportamento de compra dos consumidores.
Fonte: https://www.ecommercebrasil.com.br/artigos/black-friday-2024-o-peso-dos-impostos-e-a-importancia-da-gestao-fiscal-para-empresas-e-consumidores
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